Textos CarlosCarlos


“Sonhos não se compram nem se vendem”
outubro 17, 2009, 3:07 am
Filed under: Uncategorized

“Sonhos não se compram nem se vendem” – Foi a mensagem mais iminente que veio à sua mente logo após acordar. Ela não costumava lembrar de seus sonhos, e desse último só lembrava uma frase. Para ela era suficiente, e com a cara amassada e ainda pasma com a luz da manhã, foi à rua para se encontrar com os seus sonhos reais pelo caminho. Mas o que seriam sonhos reais??

Caminhou um pouco até a padaria mais próxima, deu bom dia para o Seu Antenor e enquanto aguardava o atendente colocar os pães no saco, olhou para o outro lado da rua e avistou um letreiro: “O seu sonho é o nosso Banco”. Ficou extremamente confusa e vertiginosa com aquilo, como entender essas mensagens que são distribuídas incessantemente a todos nós, 24hs por dia?? A avalanche de slogans, logomarcas, logotipos e apelos publicitários a deixavam dopada e oprimida por algo totalmente questionável e descartável. Afinal, o que era um Banco, um banqueiro ou um publicitário pra dizer a ela que aquilo era o seu próprio sonho??

A sua mente começou a pirar nesse lance de falta de escolha, pensando no fato das pessoas não poderem optar se gostam ou não, se querem ou não ver todas essas falácias diárias. Em todo canto que olhassem só veriam apelos às suas indiscriminadas gastações de notas verdes e competições desenfreadas.

Começou a desconfiar que seu sonho não havia sido em vão. Em instantes percebeu a imensidão de tempo que ela perdeu, sempre acreditando em questionáveis sonhos, fantasias, promessas e mentiras contadas desde o tempo de escola, via mídia e outros veículos. Ela pensava: “Será que me deram a chance de questionar tudo isso?? Será que eu tenho o direito de discordar sem ser escurraçada pelos meus semelhantes?? Será que eu posso ir atrás de mim mesma para me redescobrir?? Será que posso ser o que realmente sou depois de me encontrar?? Parece que nessa terra só quem pode é aquele que segue o caminho torto, aquele que executa um poder sem fundamento e opressor”.

Continuou: “Afinal, que liberdade é essa?? Que democracia é essa?? Que loucura de mau gosto é essa??”.

Pensou em dormir. Dormir um sono longo e profundo para ter que voltar só depois de muito tempo (ou não ter que voltar mais). Pensou nas famílias com seus sonhos de Disney e também no cidadão comum e sua intenção de ficar muito rico em matéria, como uma fonte segura de felicidade.

Naquele dia ela havia entendido que o caminho não estava ali. Sabia que algo deveria ser mudado no rumo da história, pois daquele jeito os seus filhos, netos e desconhecidos não desfrutariam de algo realmente interessante e transformador. Mas, hoje em dia, quem quer transformação??? Espero que vc queira.



Breve pausa para observar o cotidiano
outubro 9, 2009, 2:14 pm
Filed under: Uncategorized

Correndo forte, acelerado, as cores misturam o dia que volta pro mesmo lugar.

Acelerador de árvores retrazendo as verdades que o homem civilizado fez questão de encobrir.

Riffs de guitarras iluminadas tocando um reggae calmo fazendo homens de bem chorar.

Moças frondosas de saias-rodadas com rodadas e rodadas de chopps claros para assim esquecer a carne exposta em cima da mesa do bar.

Mendigo perplexo enxergando o executivo sacando dinheiro do caixa mais próximo… saca também a sua dignidade, as suas crianças, as suas ilusões.

Com olhos se pode mirar as milhares de desigualdades e injustiças bem em frente aos nossos… olhos?

A lógica da estrutura das grandes instituições nunca deixa as pessoas enxergarem justamente o que elas deveriam enxergar.

Bolas de futebol, garrafas quebradas, copos vazios e copos cheios, pássaros arremessados, corações e balões passeando nos céus.

Ligação na sala do Tribunal de INjustiça: “É pra mim?? Diz que eu tô no bar observando a carne crua exposta em cima da mesa”.



Chuva caindo na folha
outubro 8, 2009, 4:05 pm
Filed under: Uncategorized

Chuva caindo na folha. Ela se imaginou lá dentro, pequenina como pílulas de nanicolina, escorregando na seiva feito um tobogã natural… caiu numa folha um pouco maior e navegou, navegou sob a chuva nas ruas de São Paulo… viu muita coisa que a assustou: crianças sem pai nem mãe flutuando nas águas, uma grande quantidade de lixo subindo com as águas de verão, carros empilhados sozinhos ao léu, motoristas tornando-se profissionais nadadores de nados desincronizados e desesperados. Estranhou.

Em um momento estava encantada com a arte que a chuva trazia e em outro passou a ver tanta destruição que começou a chorar.. chorava tanto que suas lágrimas formavam uma nova chuva capaz de revitalizar todo aquele espaço chamado de civilização, tornando-se assim um lugar onde as crianças de todas as raças, credos, etnias, classes sociais e o que quer que fosse poderiam viver juntas, sem guerra, sem destruição, assim como o grande Marthin Luther King Jr falou.

Esperou a chuva passar, conversou com o sol para se ter uma definição e assim decidiu: dali pra frente estaria sempre sobre influência do impacto que aquela chuva a causou. Percebeu que não havia nada mais importante de fazer naquela terra do que causar transformação, transformação intensa e verdadeira, tudo sobre as bases do amor. A chuva foi o paradoxo perfeito para lhe mostrar: a mesma que lhe trouxe a magia natural lhe retrazendo a essência da vida foi aquela que se misturou à civilização formando assim um pandemônio social na grande metrópole.

Essa contradição não poderia passar desapercebida. Sua vida mudou, e assim ela agradeceu aos deuses da chuva, do mar, do sol e da natureza perfeita que sabe bem o que faz.



Nada é bobo… e Tudo é bobo
outubro 6, 2009, 6:06 pm
Filed under: Uncategorized

Ouvi a moça me dizer,  como quem logo não queria nada:

—- “Tudo é bobo!!!”.. e eu respondi:

—- Calma, moça, a vida tem caminhos e caminhos, não se exaspere assim…

—- Como assim, vc pensa que tá falando com quem??? Tudo é bobo nessa vida…

—- Não, não, veja só… agora eu aqui ouvindo um som do Pixinga… ou Pixinguinha, se achar melhor…

—- Pura bobeira!!! Tudo anda num nível de bobeira que fico até impressionada de vc não perceber!!

—- Mas é que pra mim funciona mais ou menos assim: Um dia, alguns momentos eu posso compartilhar com o que vc está dizendo, já em outros eu posso até dizer que nada é bobo!!!

 —- Hum…

—- A gente sempre tem que considerar tudo e todos, as nuances são muito extensas… uma trilha sonora pode mudar uma vida…

Continuei:

—- Pense assim, por ângulos distintos. Posso dizer que “Tudo é bobo” se eu for pelo seguinte sentido: o ser humano, principalmente o cidadão civilizado, leva tudo muito a sério, não relaxa com nada, é desconfiado da própria sombra… sendo assim, posso dizer pra ele que “Tudo é bobo”, no sentido de mostrar-lhe outros lados da vida, ou seja, quando ele mais pensa que tudo é um campo de batalha, sério e acadêmico, eu posso tentar lhe passar a idéia de que está se estressando demais, e que poderia considerar a idéia de um mundo mais “Tudo bobo”, entende?? Seria no caso um bobo bom.

—- Sim, mas no meu caso eu tava dizendo um bobo em outro sentido…

—- Por isso mesmo que estou te falando pra deixar-se caminhar por outras esferas, experimentar os vários caminhos da bifurcação pra depois poder escolher com propriedade… pode escolher inclusive por ali, por ali e por ali!!

—- Hum, sei… mas e no caso do “Nada é bobo”??

—-  Nesse caso é naquele momento que eu posso querer mostrar a alguém que devemos considerar os detalhes da vida, para assim não deixar passar desapercebidos momentos intensos e brilhantes… e assim também podemos ter mais cuidado aos sentimentos dos outros, já que, às vezes, por achar que algo que alguém disse ou sentiu é bobo, não nos damos conta que praquela pessoa a história é outra, entende??

—- Mais ou menos…

—- Olha só… quando vamos pelo caminho do  “Nada é bobo”, podemos levar em consideração que as idéias, sentimentos e viagens das outras pessoas são de extrema importância, saca?? Inclusive as nossas!! Assim podemos acreditar mais em nós mesmos e nos outros, aqueles ditos “comuns” que nos rodeiam… e não somente naquelas pessoas que estão em evidência na mídia, como se fossem os pontos de referência para o resto da humanidade inteira!! As referências somos todos nós, diariamente, cotidianamente mostrando o valor de cada cidadão brasileiro, cada cidadão do mundo… sacou agora??

—- Hum, acho que do meu jeito consegui entender..hahah

Os dois riram, perceberam que se conheceram em um segundo e foram passear sem rumo atrás de novas situações onde o “Nada é bobo” e o “Tudo é bobo”… haha.



As Sereias anunciadoras
outubro 5, 2009, 9:47 pm
Filed under: Uncategorized

Em um som calmo e suave de um dia amarelo, ele avistou um castelo em frente ao mar… sereias cantavam embalando a sua vertigem calma e agitada…

Os suores dos corpos entravam numa ebulição nunca vista, os abraços sem camisa misturavam peitos femininos e masculinos, as ondas sonoras das ondas do mar submergiam os ouvidos trazendo brisas de cores diversas aos tímpanos sedentos por boas notícias…

A certeza de que um dia os seres humanos sentiriam e se abririam ao vermelho amor pelos seus semelhantes, o impulsionava a viver toda aquela vertigem, a nostálgica fonte de um passado puro que se transportava ao presente momento, virando futuro agora.

A substância e a viscosidade da areia provavam que já não tinha mais como esperar pelo óbvio do amor, mudanças gradativas fizeram parte da história, o hoje só comporta o direto e reto da libertação dos povos e indivíduos oprimidos, o sofrimento e a ignorância não podem mais esperar.. quem tem o veículo a mão, vai ter que desviar a rota, o atraso secular já não comporta mais descaso nem “não é comigo”… a hora é agora.

E as sereias cantavam enfeitiçando-o à beira-mar… o cheiro de mato e de flores ao léu o faziam compreender o verdadeiro sentimento por Deus e pela transcendente natureza que o cercava. Verde natureza feminina.



A forma de se fazer
outubro 5, 2009, 12:31 am
Filed under: Uncategorized

A forma de se fazer, de forma assim, o máximo possível descompromissadamente.. não há coisa melhor. É bom demais sentir o gosto da vida que a vida traz… ouvir uma musiquinha sem precisar identificar os acordes, correr com o vento sem nem saber que isso está acontecendo.. sentir aquele amorzinho mais legal e inocente que o peito nem sabe que sente…

Viver como infância, juntar argolas coloridas e voar com elas no céu.. juntar pessoas, idéias boas, sentimentos em comunhão, coracãos com coracãos…

Poder escrever a forma plural no singular e a singular no plural, sem precisar explicar os porques dissos ou daquilos… poder andar descalço no quintal da Dona Marocas e não ter que seguir o que esses bobocas de ternos e gravatas pregam por aí…

Ensinam a fazer cara séria, a se preocupar em primeiro lugar com a imagem, a comprar o carro mais caro, a ter infarto o mais cedo possível, e também a se enforcar em nós cegos de marinheiros em meio aos prédios bizarros.

Tanta gente boa que cai nessa… sem nem saber que perdem sempre o melhor da festa. Sempre achando que a cereja está com eles, mas deveriam fazer uma revisão pra poder enxergar mais de perto… e redefinir o que são cerejas e o que são bicheiras.



Tentando conversar com Deus através das artes
outubro 3, 2009, 5:46 pm
Filed under: Uncategorized

Tentando conversar com Deus através das artes. É assim que aquela moça estava: ansiosa, sedenta, apressada… a conversa com Deus era a tentativa da descompressão arterial acontecer, com as veias se abrindo e com as células sorrindo até o alvorecer…

Em uma tela branca gigante, ela preparou todas as cores possíveis para se jogar dentro daquele quadro. Splict, splaft, spriclat!! – Com as suas próprias mãos, arremessava-as dentro de tal pintura, pintando o sete, o oito e o nove. Números e cores se misturavam e ela entrava num alfa especial já sem vontade de voltar ao seu planeta de origem…

Queria entender, transcender, modificar toda aquela injustiça.. sofria o dia-a-dia por ter uma presente conexão com a magia, e assim buscava os esqueletos das ramificações que acabaram se perdendo um dia…

Tinha a mais intensa certeza do poder das nuvens sobre as mentes e corações aprisionados… o celeste, o verdadeiro amor, as luzes, o perdão, a compreensão, a verdade sobre a verdade…

Sabia que o simples pronunciamento de tais palavras nada mudava, uma coisa era proferi-las, gritar: “Igualdade!!”, “Paz!!”, “Justiça!!”, como picaretas costumam dizer todos os dias… outra coisa era caminhar em suas direções lutando contra as amarras estridentes, falsas e encobridoras de toda e qualquer verdade intimamente ligada ao amor.

Se tacou por dentro do quadro e por lá ficou… por segundos, minutos, horas, dias, anos, luz…

Foi em busca do que não se conhecia, sua arte era visceral como o seu próprio sexo, enquanto chegava numa falta de nexo que mostrava o perplexo mundo girando ao contrário… alguns sons entravam fininho pelos tímpanos, ao longe anjos amarelos tocando os seus címbalos, suas liras, seus acordeons…



Hello world!
outubro 3, 2009, 5:26 pm
Filed under: Uncategorized

Welcome to WordPress.com. This is your first post. Edit or delete it and start blogging!